Pesquisa comprova que toxina de escorpião pode auxiliar no tratamento de doenças
Por Adriana Lunara e Dione Maycon
Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) descrevem uma toxina retirada da peçonha de um escorpião brasileiro, que futuramente pode ser utilizada na produção de fármacos para o tratamento de doenças.
O escorpião utilizado na pesquisa, Opisthacanthus cayaporum, é encontrado na região norte do Brasil, e foi coletado em Palmas, no estado do Tocantins. Apesar de não haver registros de acidentes graves, a peçonha deste escorpião, assim como de outras espécies, é uma rica fonte de moléculas bioativas, que são responsáveis pela sintomatologia da picada, como dor local ou generalizada, e em alguns casos paralisia e/ou morte.
Essas moléculas são geralmente peptídeos. Estes, por sua vez, atuam em canais iônicos, que são responsáveis pelo transporte de íons sódio e potássio, e estão diretamente relacionados com a transmissão de impulso nervoso. Virtualmente, todas as células do corpo possuem algum tipo de canal iônico.
A toxina descrita, chamada de kappa-KTx2.5, atua no canal de potássio como um bloqueador, não muito forte, porém há um potencial terapêutico no tratamento de algumas doenças que estão relacionadas ao mal funcionamento desses canais iônicos, como por exemplo, em algumas doenças cardiovasculares e em doenças neurodegenerativa, segundo a Professora e orientadora da pesquisa Drª. Elisabeth Schwartz. Thalita Camargo, autora do trabalho, salienta que a kappa-KTx2.5 pode atuar em um canal específico do pâncreas, que controla a secreção de insulina. Segundo a autora, “Futuramente, baseada nesses estudos, a indústria farmacêutica pode utilizar essa molécula para desenhar um fármaco que o controle o diabetes, da mesma forma que outras toxinas já são usadas para esse sentido, como o Captopril. Em suma, o veneno pode ser o remédio".
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