PESQUISADOR REVELA QUE AMENDOIM FAZ MAL À SAÚDE

Fungo encontrado nos grãos produz toxina que pode gerar câncer.

>> Por Ernandes Almeida
      6º Semestre - Noturno

Quem nunca ouviu a expressão ‘coloque o amendoim no buraco do amendoim’? Pois é, a frase que é usada para nos divertir no seriado ‘Eu a patroa e as crianças’ passou a ter uma visão mais crítica depois do descobrimento de que essa semente comestível pode matar. 

Mas calma, não precisa se desesperar ou, muito menos deixar de comer amendoim. O grão foi objeto de estudo do Professor e Doutor da Faculdade de Agronomia e Medicina da UnB (FAV), Ernandes Alencar.

Ao palestrar na Faculdade Anhanguera de Brasília na última quarta-feira (5), o pesquisador Ernandes Alencar disse que o estudo é importante, porque se trata de um produto de fácil acesso e também “existe uma grande probabilidade do grão fazer uma pessoa passar mal por conta da substância aflatoxina”.

Mas o que é isso? Esse é exatamente o problema. Muitas pessoas não sabem do perigo, ou ainda da existência dela.  A aflatoxina é gerada por fungos que crescem em certas rações e alimentos em condições favoráveis de temperatura e umidade. As contaminações ocorrem com maior intensidade em nozes, amendoins e outras sementes oleosas, incluído o milho e sementes de algodão. Resulta na intoxicação conhecida por Aflatoxicose que causa necrose aguda, cirrose e carcinoma de fígado em diversas espécies animais. Nenhuma espécie animal é resistente aos efeitos tóxicos da aflatoxina, assumindo-se que humanos possam ser igualmente afetados. 

“Ingerir essa substância constantemente é possível obter câncer de fígado”, alertou o doutor. O câncer de fígado é o oitavo mais comum no mundo e entre os 10 que resultam em incidentes no Brasil. Dados tão úteis deixaram o cientista intrigado, que durante seu doutorado descobriu uma solução. Ele usou o gás de ozônio no processo de fumigação do amendoim, e sua eficiência como agente fungicida e desintoxicante de aflatoxinas.

Como assim? Ele simplesmente conseguiu controlar com o ozônio 99,99% o fungo, e cerca de 30% da toxina. Achou pouco? O cientista advertiu que o país não tem outra pesquisa de ozonização do amendoim como a dele, por isso, “como trabalho inicial é importante para sociedade” defendeu.

Ele explicou ainda que, em outros países já foram feitos os mesmos estudos científicos, mas cada país deve fazer a pesquisa de forma individual. Pois o sucesso no resultado depende do solo, plantio e clima de cada região.

Apesar dos resultados o cientista não deixou de comer amendoim, reduziu consideravelmente a quantidade. Alertou sobre a importância do tipo de armazenamento, e também pediu aos consumidores que fiquem atentos ao selo de qualidade, e passem a comprar o produto somente com essa certificação.