sábado, 1 de outubro de 2011

Pesquisa aponta que medula óssea pode ser a salvação do mal de Chagas



O cuidado existente baixa o nível da infecção, mas não previne.

Cerca de 1.150 espécies de mamíferos, em mais de 4.600, são infectadas pelo chaguismo. Carlos Chagas não imaginava que sua descoberta seria o mapa para se chegar à cura da doença. Após um século do descobrimento, a ciência busca aprimorar fórmulas de prevenir a infecção. Análises laboratoriais apontam transplante de medula óssea como solução para os casos mais graves.

A pesquisa feita pelo Professor Titular da Universidade de Brasília, Antônio Teixeira, no Laboratório Multidisciplinar de Pesquisa em Doença de Chagas (LMPDC) revela que o Trypanosoma cruzi pode ser eliminado. Contudo, prevalecendo o KDNA do parasita no DNA humano.

Antônio é Pesquisador Sênior 1A do CNPq, e ministra as disciplinas de Parasitologia, Imunogenética e Imunopatologia, na UNB. Sua metodologia é baseada nas áreas de Imunologia, Biologia Molecular, Imunocitoquímica, Epidemiologia, Clínica e Patologia. Com 69 trabalhos publicados no Web Of Science e 84 no Scopus. Além de 2.636 citações.



Estudo mostrou a vulnerabilidade do coração perante protozoário. Para a comprovação da tese foram usadas galinhas como modelo, na prática. Devido ao seu sistema imunológico, isento à infecção do parasita. O autor da pesquisa defende a teoria da rejeição auto-imune do coração chagásico. Isto significa que, 18 milhões de pessoas infectadas pelo T. cruzi produzem lesões no órgão central do sistema circulatório.

A Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP-DF) concedeu à Associação de Loci Mutações de KDNA de Trypanosoma cruzi no Genoma com o Prognóstico do Chagásico, a aprovação do projeto. Graças ao Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) foi aprovado R$ 1.069.773,65 (Um Milhão Sessenta e Nove Mil Setecentos e Setenta e Três reais e Sessenta e Cinco Centavos). Auxílio financeiro deferido em 2009.



Ao contrário do que possam pensar, a descoberta coloca mais uma informação no cenário da evolução, já que sugere manejo clínico e tratamento do chagásico. A inovação tecnológica ptTAIL-PCR desenvolvida pelos pesquisadores do Núcleo CHAGAS/DF é empregada na identificação das mutações. ‘’Os amplicons serão clonados e seqüenciados. As sequências de minicírculos de KDNA que forem integradas no genoma hospedeiro serão submetidas a análises em banco de dados. ’’ explica o Doutor Antônio Teixeira. Os dados serão analisados com testes estatísticos robustos visando avanços e manifestações clínicas.

A dona de casa Elza Camargo, 64 anos, teve o seu diagnóstico de Chagas aos 53 anos. De lá pra cá, Elza procura viver uma vida normal. No início, o susto foi grande. Ela entrava em pânico, quando pensava em dar adeus a este mundo, ‘’minhas filhas ficavam enlouquecidas com os meus almoços de domingo, sempre em tom de despedida’’, conta. Há cinco anos, a dona de casa foi submetida a uma cirurgia de marca-passo, ‘’o procedimento cirúrgico foi indicado para regular os meus batimentos cardíacos. Meu coração batia rápido demais. ‘’ Atualmente, Elza faz acompanhamento médico semanal e melhorou a sua qualidade de vida.

Do ponto de vista epidemiológico, o tratamento da Doença de Chagas ainda não é satisfatório. A pesquisa de Teixeira conclui que o cuidado existente baixa o nível da infecção, mas não previne, ‘’As células infectadas saem da medula óssea’’, conclui o pesquisador. Retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas; manter limpeza periódica no imóvel e em seus arredores; melhorar habitação, através do reboco e tamponamento de rachaduras e frestas; entre outras, são medidas de controle ao ‘’barbeiro’’.


Amplicons: Pedaço de DNA formado como o produto de amplificação de eventos naturais ou artificiais.


Faculdade Anhanguera de Brasília - FAB
Jornalismo 6°semestre - Matutino
Nayara Sousa

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