sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Resenha

Capítulo 7

O autor adota, assim, a perspectiva fenomenológica da apreensão da realidade social, realidade, essa, que "não se apresentando ao nível da realidade imanente, as formas, ao contrário, adquirem “vida” e consequentemente algum grau de estabilidade no interior do próprio “fluxo da vida”, apresentado na noção de “jogar em sociedade". Assim, a realidade é percebida como uma forma de construção que se dá no movimento de interação e troca entre os sujeitos em um contexto social.

Assim, o que estamos chamando a atenção é que o texto deve ser lido levando em consideração seu contexto de produção. O que, ao contrário de diminuir sua força nos leva a ler com mais cuidado, não acrescentando a ele o que não diz e o que não daria conta de antever, mas não subestimando sua capacidade de fomentar, testar e iniciar uma discussão que ainda hoje é incipiente.

Como jornalista científico, você tem duas opções: esperar que as pautas venham até você ou correr atrás delas, não pode esperar que as pautas cheguem até você, talvez por meio de press releases, você pode ter muitas opções para escolher, mas é provável que os outros veículos de comunicação da ciência tenham as mesmas notícias.

Correr atrás de suas próprias pautas requer mais trabalho, mas pode ser mais gratificante se você puder encontrar notícias menos batidas talvez uma exclusiva. E, especialmente para jornalistas que trabalham em países em desenvolvimento, esta pode ser a única maneira de descobrir as pesquisas que estão em andamento em sua região.

Além disso, se você está trabalhando para um veículo de comunicação pela primeira vez, certamente é uma boa ideia começar com uma notícia que ninguém mais cobriu. Não precisa ser um grande furo uma matéria pequena, mas interessante, é suficiente para começar.

Ideias para matérias de ciência podem surgir de muitas fontes diferentes, e como um ou uma jornalista aproveita cada fonte vai depender dos recursos disponíveis, incluindo acesso à internet.
Fontes primárias são as pessoas que falam com você sobre algo de que elas participam diretamente. Elas podem ser cientistas responsáveis pela pesquisa, pacientes envolvidos em um ensaio clínico... Elas oferecem sua própria visão do que está acontecendo.

Fontes secundárias são mídias, eletrônicas ou não, que ficam entre o jornalista e a fonte primária. E não são exclusivas do jornalista.

Capitulo 14

Desde seu surgimento, o media criticism vem registrando a evolução social do país seja pelo interesse de profissionais em disseminá-lo cada vez mais ou pela importância dada pelo próprio público.

O fato de que os meios de comunicação tenham se constituído em novos tentáculos, como a Internet, possibilitou uma maior interação desse público e firmou a web como principal cenário dessas atividades.

O presente estudo busca refletir o processo adotado por esses sites sobre a produção jornalística, ou seja, que tipo de Jornalismo é possível junto aos objetivos dos observatórios.

Em meio a tantas normas pelas quais os jornalistas são alicerçados como Código de Ética, adicionadas à experiência e visões particulares das vozes, pretende-se lançar uma perspectiva de como isso se reflete nos sites.

Busca-se compreender se essa mesma visão do mundo que pode contaminar um texto jornalístico de subjetividade pode distorcer a intenção original de um observador de mídia através de ataques pessoais ou falsos moralismos.

O objetivo deste trabalho é mostrar, através da análise do conteúdo, pesquisa e da comparação dos sites, como é dado o processo de apresentação das vozes e da construção de credibilidade.
A busca por teorias ou estudos que façam assimilar a predominância da mídia no cotidiano dos cidadãos e seus efeitos já é antiga. Mundo afora, tem-se disponíveis várias formas de analisar essa relação: escritos valiosos, teorias fundamentadas e Escolas de Comunicação tiveram suas tendências espalhadas pelos quatro cantos.

Porém, diante da má estruturação e da ascensão de um Poder inatingível escorado por conflitos de interesses que a imprensa incorporou devendo esta executar seu papel social, prestativo e democrático viu-se necessário não só tentar compreender os efeitos que a mídia pode causar, mas também observar sua atuação.

Capitulo 16

O jornalismo não tem mais que ver com a questão do real e muito menos ainda com a questão da verdade. Essa ilusão liberta-o da sua consciência de ser e, como consequência, liberta-o da consciência da sua mortalidade.

Esta situação tem consequências, desde logo, no papel dos jornalistas que se sentem perdidos num tempo que abdica do real em nome dos paraísos do simulacro: a “questão que nosso tempo nos propõe não é certamente apontar caminhos fáceis, receitas possíveis para a solução dos dilemas do fazer jornalístico, mas mais do que nunca apontar a situação da comunicação jornalística em uma época tomada, de um lado, pelo terror das desigualdades socioeconómicas e, de outro, pelo titânio e presunção de algumas posições científicas e ideológicas”.

Perante este paradoxo que permeia a relação entre jornalismo e democracia, que lugar para o jornalismo de Ciência? Neste trabalho, argumenta-se pela associação entre ciência, utopia e jornalismo como uma abordagem ao jornalismo que permita reconquistar valores que recuperem o que Abraham Lincoln disse: democracia pelas pessoas, democracia para as pessoas, democracia das pessoas.

Atualmente, o jornalismo de ciência comunga com o conhecimento científico alguns dos grandes males do pensamento atual a hiper especialização, o sectarismo temático e o unilateralismo.

Porém, uma reflexão utópica sobre o jornalismo enquanto forma de conhecimento tem de encarar a vida sob um prisma abrangente, num todo feito de inter-relações; não como uma mistura aleatória, mas antes uma união de partes orgânicas e com uma capacidade crescente de organização cujo equilíbrio é importante manter-se como em qualquer organismo para promover o desenvolvimento e transcendência.

O jornalismo é um processo porque funciona como uma história contínua que tem um início mais ou menos certo, mas com diferentes possibilidades de desenvolvimento e de fins.
É por isso que a comunicação é um empreendimento social e humano e o jornalismo um lugar fluido, em permanente construção em diversidade perante uma massa incognoscível que abrange diversos caprichos, tendências, gostos, necessidades, desejos, motivações, atitudes, comportamentos e utopias.

A utopia faz com que o jornalismo de ciência seja constantemente um novo discurso ou um discurso em permanente renovação. Por outras palavras, o jornalismo de ciência acaba por ser uma narrativa utópica e é essa sua característica que perfaz o maior contributo do jornalismo para a própria ciência e para a democracia.

No que toca à Ciência, na prática, jornalismo de ciência é um novo discurso, construído a partir de uma vivência, uma perspectiva crítica e, por isso, não se resume a uma mera tradução.

Se essa tradução acontece com muita frequência é porque o jornalismo se tem omitido do seu papel e tem delegado em outros normalmente, as fontes ou mesmo renegado o seu papel.

Ao invés, o jornalismo de ciência precisa pautar-se pela pluralidade, pelo espírito crítico, sendo o resultado de um esforço intelectual e também emocional.

O jornalista de ciência não deve passar para as suas fontes uma responsabilidade que é sua, a de construir um discurso crítico, comprometer-se com o interesse público e o interesse público é uma utopia no sentido de indefinível com que o jornalista deveria trabalhar diariamente.

Essa articulação não é uma tradução, mas sim um jogo complexo de interpretação, ou seja, existe um duplo movimento de interpretação: interpretação de uma ordem de discurso que deve, ao produzir um lugar de interpretação em outra ordem de discurso, constituir efeitos de sentidos que são próprios ao que se denomina “jornalismo científico”, o qual desencadeará novos gestos de interpretação, agora produzindo um certo efeito-leitor.

Capitulo 17

Ciência e tecnologia têm sido, sobretudo nas últimas décadas, elevadas a verdadeiros símbolos dos tempos modernos. Responsáveis por renovar as esperanças e expectativas sociais em suas projeções sobre o futuro, os novos “avanços” vem sendo encarados como ferramentas capazes de suplantar qualquer problema com o qual podemos nos deparar e/ou criar.

Contudo, é importante considerar que existem incertezas sobre a aplicabilidade e o acesso a esses avanços, além do fato de que quase sempre eles ensejam riscos potenciais merecedores de tanta atenção quanto seus pretensos benefícios.

A afirmação social da ciência e da tecnologia no mundo contemporâneo sua importância estratégica nas estruturas política, econômica e cultural vigentes recoloca, em um novo patamar, a relação entre ciência, poder e sociedade.

O progresso científico-tecnológico incorpora-se ao rol de questões que integram o domínio da esfera pública, sendo nela institucionalizada; por outro lado, ciência e tecnologia passam a constituir-se em bens mercantis, ao mesmo tempo disponibilizados e protegidos no mercado global.

Paralelamente, a "comunidade técnico científica" emerge como um novo e importante agrupamento social, buscando assim legitimar-se junto à sociedade.

Essa crescente inserção sócio-econômica da ciência supõe, por sua vez, a aceitação, pela sociedade, do caráter benéfico da atividade científica e desuas aplicações. Do mesmo modo, implica uma rápida assimilação, na vida cotidiana dos indivíduos, dos artefatos técnico-científicos transformados em objetos de consumo, dada a velocidade com que vêm ocorrendo as inovações nesse campo.

A próprio sociedade amplia seu interesse e preocupação em melhor conhecer e também controlar o que se faz em ciência e o que dela resulta. Nesse contexto, torna-se crucial o modo pelo qual a sociedade percebe a atividade científica e absorve seus resultados, bem como os tipos e canais de informação científica a que tem acesso.

Popularização da ciência ou divulgação científica pode ser definida como "o uso de processos e recursos técnicos para a comunicação da informação científica e tecnológica ao público em geral".
Nesse sentido, divulgação supõe a tradução de uma linguagem especializada para uma leiga, visando a atingir um público mais amplo.

Divulgação científica é um conceito mais restrito do que difusão científica e um conceito mais amplo do que comunicação científica. Difusão científica refere-se a "todo e qualquer processo usado para a comunicação da informação científica e tecnológica".

Ou seja, a difusão científica pode ser orientada tanto para especialistas quanto para o público leigo em geral que tem o mesmo significado de divulgação. O papel da divulgação científica vem evoluindo ao longo do tempo, acompanhando o próprio desenvolvimento da ciência e tecnologia.
Já comunicação da ciência e tecnologia significa "comunicação de informação científica e tecnológica, transcrita em códigos especializados, para um público seleto formado de especialistas".


Rafaela Mendes
Jornalismo Matutino

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diz aí, o que achou deste texto?