sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O armazenamento de grãos: uma década de pesquisas

Pesquisador da UnB revela sua trajetória de estudo em palestra concedida aos alunos de jornalismo da Faculdade Anhanguera

O cultivo de soja no Brasil é considerado um fator de revolução socioeconômica ao ponto de ser comparada ao fenômeno da cana de açúcar. No ano de 1999 o país produzia 90 milhões de toneladas de soja, já em 2010 a estimativa de produção saltou para 170 milhões de toneladas. Em 2003, o grão respondia por uma receita cambial direta para o país de mais de sete bilhões de dólares por ano. Esta grande escala de produção passou a exigir qualidade no mercado internacional, tornando-se indispensável um armazenamento adequado do produto.

Apostando nesta necessidade o engenheiro florestal Ernandes Rodrigues de Alencar desenvolveu sua pesquisa de mestrado. O jovem pesquisador percebeu que o produto passou a exercer um papel extremamente fundamental no agronegócio brasileiro e logo nos primeiros anos como universitário já realizava pesquisas na área.

“Durante a graduação e o mestrado basicamente eu trabalhei com armazenamento de grãos, com produtos de origem vegetal, milho e soja” disse. O pesquisador explica que o processo de colheita até o processamento da soja se dá em seis meses. Entretanto, nesse período pode haver uma série de alterações que ocasionam em perda na extração do óleo. “Para a indústria isso não é interessante, ou seja, ela necessita de um armazenamento adequado” acrescenta.

A tese de mestrado de Alencar lhe garantiu um prêmio de melhor dissertação na área de tecnologia fosforeica pela Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola em 2007. Inspirado pelo sucesso de sua pesquisa ele inicia o doutorado, desta vez, focado no armazenamento do amendoim.

Observando as aflatoxinas - substâncias oriundas de dois fungos e, desenvolvidas, principalmente, no amendoim por meio de condições de temperatura e umidade favoráveis, Ernandes enxerga a oportunidade. “Não é o amendoim que faz mal e sim essas substâncias que são geradas a partir do seu processamento ou armazenamento”, explicou. Por serem nocivas à saúde ele se dedicou a reduzir a quantidade delas no alimento e passou a usar um processo que envolve o gás ozônio.

O estudioso afirmou que o consumo gradual de aflatoxinas pode causar câncer no fígado. “Estas são substâncias carcinogênicas (causam câncer), teratogênicas (provocam má formação) e mutagênicas (provocam mutações) e, quando ingeridas por um longo período podem gerar um câncer”, alertou. A partir desse princípio, ele acrescenta ainda que se tratando de um amendoim muito contaminado o efeito pode ser agudo e imediato.

A partir daí, o cientista estudou a técnica de ozonização para reduzir a concentração desta substância no amendoim. Ele explicou que é importante observar a orientação disposta nas embalagens do amendoim industrializado, afim de identificar o selo de qualidade e certificação do produto.

Em pouco mais de uma hora de palestra, o docente da Universidade de Brasília, Ernandes Alencar explicou o passo a passo de sua trajetória acadêmica e relatou que desde o segundo, dos vinte períodos de estudo, foram dedicados à pesquisa. Ele ainda se dispôs ao fim de sua apresentação a responder perguntas dos universitários presentes, das quais, em resposta a certa questão, ele enfatizou que todos os números de artigos publicados foram resultado de anos de dedicação.


William Nascimento

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