quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Resenha dos capítulos 3, 4 e 5 do livro Manual de Periodismo Científico


Capítulo 3: As fontes do jornalismo científico
As fontes sempre foram um problema no jornalismo. Encontrar entrevistados sérios e confiáveis é uma missão difícil em ciência e tecnologia e requer anos de experiência.
O autor frisa que Karl Popper é radical quanto às fontes. Segundo Popper, todas as fontes podem levar ao erro e nenhuma delas tem autoridade e são inquestionáveis. Já para Nelkin, os jornalistas científicos enfrentam vulnerabilidade diante de certos entrevistados.
Também deve ser observado um fenômeno recorrente, chamado socialização de fontes, que se caracteriza pela dependência de releases, dos serviços de assessoria de pesquisadores e a publicação de notícias de agência, sem contextualização.
Manuel Calvo cita as fontes básicas utilizadas e classificadas dentro jornalismo científico: agências colaborativas, universidades e centros de pesquisa (específicas), congressos e reuniões (circunstanciais) e livros, revistas e bibliotecas (documentais).
O autor frisa que antigamente, as informações sobre ciência eram transmitidas somente dentro da comunidade científica, mas que, com o passar do tempo, foram surgindo revistas especializadas, que deram notoriedade às descobertas. O crédito de primeira publicação pode ser dado à francesa Le Journal des Savants, em 1665. Atualmente, o número de revistas sobre ciência ultrapassa 100 mil, ao redor do mundo.
As agências internacionais desempenham um papel fundamental na divulgação científica. A France Press, por exemplo, dispõe de um acervo de artigos científicos, em formato de áudio-texto, com acesso por telefone.
Ainda assim, a maior fonte para o jornalista científico são as universidades e centros de pesquisa. Para facilitar o acesso dos veículos de comunicação às novidades em pesquisa, muitas universidades dispõem de assessorias e agências de notícia próprias. Talvez por conta da facilidade de chegar até a informação, deve se ter espírito crítico antes de publicar as informações. É criado um ambiente de socialização com os jornalistas, são oferecidas viagens e tudo isso pode interferir na imparcialidade.
As organizações internacionais, como, por exemplo, as Nações Unidas, também dispõem de serviços de divulgação científica e difusão de informações. Os releases desses organismos representam uma boa fonte de notícias. Assim como as embaixadas de países desenvolvidos, as indústrias, que também divulgam boletins sobre pesquisas e inovação tecnológica.
Entretanto, os releases não devem ser publicados na íntegra. As informações nele contidas precisam ser contextualizadas e acrescentadas as opiniões de especialistas no tema.
Também não se pode deixar de lado os livros como fonte para reportagens. As publicações podem ser úteis para situações cotidianas. Nos últimos anos, o número de lançamentos  na área científica aumentou consideravelmente, mas nem todos chegam até a população em geral.
Estão incluídas as enciclopédias como fontes de pesquisa. Desde o século XVIII, o conhecimento científico chega mais facilmente graças às enciclopédias. Durante centenas de anos, foram responsáveis pela popularização da cultura. Até o maior acesso à internet, as publicações eram as maiores fontes bibliográficas para jornalistas. Apesar disso, são fontes de informação limitadas até certo ponto, pois não possuem informações completas sobre todos os assunto.
As revistas especializadas representam bons materiais de consulta, pela renovação constante dos assuntos nas edições. Com a devida periodicidade são publicados artigos sobre variados assuntos em diferentes abordagens. As revistas podem ser classificadas como: de ciência geral, de medicina geral e de divulgação científica, segundo Meadows.
 As novas tecnologias têm impulsionado a atualização constante das informações contidas em publicações como as enciclopédias e, por isso, vem substituindo as mesmas como fonte confiável de informação científica. O hipertexto está pronto para as enciclopédias generalistas, como a Larousse, a Britânica, entre outras.
Segundo Manuel Calvo, a documentação é fonte básica do jornalismo científico, assim como as bibliotecas representam depósitos de conhecimento e tem um importante papel nas publicações jornalísticas sobre ciência. Mas para ele, os países de língua espanhola não tem tradição no hábito de leitura e são deficitários quanto a qualidade e quantidade de bibliotecas.
Por conta isso, centros de pesquisa tomaram precauções para reunir o conhecimento, como a criação do maior centro de informação e documentação científica, desenvolvido pelo Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha (CINDOC). O arquivo conta com bases de dados nacionais e internacionais, sobre ciência, tecnologia, ciências humanas e sociais.
As redes online também representam boas soluções para o jornalista científico. A implantação de internet como base de dados reúne benefícios e riscos, de acordo com o autor. Um banco de informações armazenado em um computador pode facilitar a consulta de dados, em terminais remotos, com custos reduzidos. As bases de dados online representam um centro de pesquisa à disposição do jornalista e podem atender às necessidades de cada um.
Atualmente, as bases de dados são comercializadas, assim como outros produtos, pois a informação representa uma mercadoria valiosa.
O autor cita o pesquisador David Lyon, que demonstrou os problemas da comunicação informatizada e a comercialização de informações. Lyon enumera, entre outros, o possível fim das bibliotecas, por falta de capacidade de modernização; a falta de critério na divulgação de informações, já que quem controla o que é divulgado é a parte responsável pelos fatos, de modo que o que é exposto não é feito de maneira democrática.

Capítulo 4: Problemas da apresentação da ciência ao público
Segundo o autor, três palavras-chave resumem o problema: Ciência, comunicação e sociedade.
A ciência possui os seguintes percalços: complexidade, extensão e desenvolvimento constante. Na comunicação, são notados entraves como saturação, sensacionalismo, credibilidade, entre outros. Já a sociedade enfrenta os problemas por estar longe da ciência, desinteresse público, falsas ciências e internacionalização da informação. Por conta disso, o jornalismo científico tem que lidar com as dificuldades advindas de fontes, linguagens, gêneros jornalísticos, ética, formação e o relacionamento entre jornalistas e cientistas.
A divulgação da ciência traz muitas questões, como ética, política, economia, cultura, língua, entre outros. Além disso, o jornalista científico precisa saber transpor dois obstáculos básicos, segundo o autor: que temas deve escolher para mostrar ao público e como divulgar aos leitores. Resolver estes principais problemas facilita a resolução de entraves de outras naturezas.
A complexidade da ciência atual, em conseqüência do progresso tecnológico, a quantidade de redes de pesquisa e conhecimento, o que obriga o jornalista a se aprofundar mais nos assuntos e, por último, deve se lidar com o nível de conhecimento da população. As três situações representam obstáculos no jornalismo científico. Para superar problemas dessa natureza, os veículos de comunicação precisam desenvolver linguagens acessíveis à população, uma tarefa difícil, porém necessária, segundo Manuel Calvo Hernando.
O autor também cita vilões do jornalismo científico como o excesso de informação sobre o assunto e a dificuldade do leitor em se concentrar, a resistência do homem às mudanças na ciência e jargões e linguagem particulares, que distanciam o leitor.
A estrutura dos meios de comunicação também representa um problema para o jornalismo científico, além das pressões aos profissionais da área, a ausência de críticos ou especialistas em ciência dentro dos jornais, o que acarretam distorções em publicações. O sensacionalismo, assim como em todos as outras editorias, é prejudicial, pois dá importância exagerada a notícias sem grandes utilidades públicas.
Apesar das semelhanças entre o trabalho de jornalistas e cientistas, há distanciamento entre as classes. Ambos profissionais têm a missão de questionar e investigar, mas em sentidos diferentes. Para o jornalista, as diferentes formas de pesquisa dificultam a compreensão dos assuntos, a grande presença de matemática e a imprevisibilidade da ciência são vilões na cobertura da área.
Além do mais, os métodos são completamente diferentes. Para o cientista, para ser de interesse público e relevante, o trabalho precisa passar por outros colegas, até que seja aprovado e divulgado. O jornalista procura o que é inédito, curioso e que possui utilidade pública. Assim como são citados pelo autor, outras dificuldades na cooperação entre as duas profissões.
O jornalista científico se difere das outras especializações, pois precisa ter fatos concretos para trabalhar, diferentemente das outras editorias, que mesmo acontecimentos não-oficiais podem virar notícia.
O divulgador da notícia precisa transcender a barreira entre o jornalista e o cientista, para depois atravessar a distância que separa a ciência do grande público.
Capítulo 5: A linguagem na divulgação da ciência
Qualquer editoria deve se preocupar com a linguagem utilizada nos textos, para atrair a atenção do público. Para o autor, a desvalorização da escrita é tão grave quanto a monetária. Manuel Calvo afirma que existe uma deterioração idiomática nos meios de comunicação, que sofrem massificação.
O autor expõe os objetivos determinados em um decreto real de 1992, para o ensino médio e como as normas necessitam ser cumpridas para a valorização e melhoria da educação espanhola.
Manuel Calvo Hernando segue demonstrando como se deve produzir textos jornalísticos sobre ciência. É abordada a necessidade de escrever para todos, explicando jargões e contextualizando dados, buscar a precisão, ser breve, evitar ambigüidades, entre outros.
Além disso, o autor expõe orientações presentes em manuais técnicos, com o da Agência Efe e de jornalistas e estudiosos. As dicas têm o objetivo de melhorar a qualidade dos textos de jornalismo científico, para melhorar a compreensão do leitor sobre os temas.
Em seguida, é tratado o tema da divulgação. São citadas pelo autor as regras básicas: observar o nível cultural dos receptores da notícia, divulgar a conclusão de estudos ou pesquisas, expor os progressos alcançados, deve-se saber ser sucinto, sem ser monótono, para atrair a atenção do leitor, aproveitar a curiosidade como característica humana, ser conciso e abordar temas de maneiras distintas, empregando substantivos nunca utilizados junto a certos adjetivos.
Também aconselha-se a utilização de figuras de linguagem, como metáfora, hipérbole, parábola, entre outras. O emprego de recursos de tal natureza pode ter caráter didático, facilitando a compreensão do leitor.

Daniel Cardozo RA 0991022974
Jornalismo 6º Semestre Noturno

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